Engabelado pelo escândalo do mensalão, o PT patina em quase todas as cidades onde disputa eleições no atual pleito.
Cidades importantes como Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo dão o tom do grau de dificuldade enfrentado pelo partido diante da difícil conjuntura, jamais vivenciada pela sigla.
Em Natal não é diferente, o deputado Fernando Mineiro (um dos poucos petistas de cara e ficha limpa), consegue tirar forças do improvável, literalmente carregando nas costas uma campanha que não empolga nem o que restou da militância.
Militância????
Parece brincadeira mas, até militância, atualmente o PT tem de pagar, caso contrário não sai na rua.
Alguém por acaso viu alguma movimentação da "militância" petista, aqui mesmo em Mipibu, nesta eleição?
O PT de Mipibu sofre da mesma doença do PT nacional.
Perdeu o que tinha de mais importante na sua essência.
Deixou de representar os trabalhadores.
Basta lembrar as greves dos trabalhadores da educação municipal durante o atual governo.
Em nenhum momento o partido esteve ao lado dos educadores mipibuenses, encurralado pelo fisiologismo de um mísero cargo comissionado.
Em nível nacional, se alguém duvida, dê uma olhada nos telejornais e observe quantas categorias de trabalhadores estão em greve atualmente.
A explicação pra tudo isso pode ser mais ou menos compreendida ao lermos o texto abaixo.
Um verdadeiro chute no saco para quem, como eu e muitos outros, expontanemente lutou durante décadas por uma causa, infelizmente desvirtuada pelo espírito pelego da grande maioria dos atuais líderes do partido.
Lamentável.
Amauri Freire
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O FUTURO DO PT
O PT
nasceu de cesariana. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a
Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base.
Os
orgulhosos padrinhos foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que
viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira.
Da árvore
frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT. Foi um dos únicos
projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general Golbery.
Outros
orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas,
felizes de poder participar do crescimento de um partido puro, nascido na mais
nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
O PT
cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do
capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria
chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
O PT
lançava e elegia candidatos, mas não “dançava conforme a música”. Não fazia
acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente
pura, ética, que não se misturava com picaretas.
O PT
entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o
mundo adulto.
Mas nos
estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças,
conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com
empresários, empreiteiros, banqueiros.
Tudo
muito chique, conforme o figurino.
E em 2002
o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República.
Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas.
Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.
A
primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como
Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do
partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Júnior.
Em
seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloísa Helena em 2004 levou
junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os
militantes ligados à Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro
aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida Frei Betto.
E agora,
bem mais recentemente, o senador Flavio Arns, de fortíssimas ligações
familiares com a Igreja Católica.
Os
ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da
senadora Marina Silva do partido.
Afinal,
quem do grupo fundador ficará no PT?
Os
sindicalistas.
Por isso
é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de
64.
Controlado
pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos
das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.
Recebendo
polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado.
Cavando
benefícios para os seus.
Aliando-se
ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está
fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do
governo federal, naturalmente.
É o
triunfo da pelegada.
Lúcia
Hipólito
A política
trocada em miúdos
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