O POLÍTICO PRECISA DO BÊBADO
A política é uma arte humana. Sem dúvida, uma das mais fascinantes. Por ela, as possibilidades sociais são dialeticamente discutidas. Surge, daí, a necessidade do cuidado pelo que é comum, que por ser de todos, não quer dizer que seja de cada um. Na democracia o individual cede lugar ao que é da maioria, sem que essa aniquile o que é do particular. O Estado de Direito, regido por uma carta magna, acolhe esta forma de ação para uma adequada tecitura social. De outro modo, acabaria existindo um colapso microrgânico do corpo civil. Mesmo sendo, hoje, um conceito polissêmico, já que existem estados ateus, teocráticos, laicos etc..., o ordenamento social não consegue dispensar um objeto universal para que o mesmo possa subsistir, e este é a garantia da dignidade da pessoa humana. Aqui retomo a possibilidade dialética da política que só a será se for observada a primazia do sujeito, desde o seu nascimento até a sua morte natural.
Quiçá, alguém se indague porque a busca deste pormenor para falar sobre a política do bêbado? Vai a resposta que é o fato de que “todos” tendem a participar do substrato político quando vivem em sociedade. O que está acontecendo na política nacional é que a maioria está vendo ebriamente. Sempre que alçamos as vozes para votar e defender políticos medíocres e despreparados para conduzir o “bem público”, nos comportamos como bêbados que precisamos, na maioria das vezes, dum dinheiro para continuar com a cara nos restos intestinais. O que é próprio da política feita e vivida pelo bêbado é que ele continuará sendo só um instrumento do que é falso e mentiroso. Os poucos lúcidos estão precisando ter mais ousadia para penetrar nos momentos de omissão da embriaguez. Sim! A loucura também tem seu momento de lucidez. Como ela perde a noção de tempo e espaço, o seu delírio pode ser levado para o desconhecido dela e firmar o bom senso do outro. Certa vez, só ilustrando, vi um político mentiroso, e espero que haja redundância, indagar uma comunidade rural acerca do que seria da mesma se não existisse (fulano x) como representante? E prontamente, o bêbado respondeu: “uma grande felicidade”. Imaginemos a cena! O descrédito na política está acontecendo porque infelizmente se separou a política da ética. Com a intenção de fortalecer o estado (ou o príncipe) um tal de Nicolau Maquiavel afirmou, ou descreveu, que “os fins justificam os meios”. Como o povo está bêbado, ou seja, corrompido também, a mudança de mentalidade teria que começar da base. Se exige uma desintoxicação popular. Não pela força física; mas pela formação de valores e ideais humanos e, porque, não dizer, evangélicos. Não só a Igreja, mas todas as instituições, naquilo que lhes competem, precisam retomar este discurso para o bem de todos os seres humanos de boa vontade. Ele é o único que não é utópico; pois tem um referencial. Não é só ideológico, porque se fundamenta numa pessoa, Jesus Cristo. Ninguém pense que a impostação é só teológica. O intento aqui é político já que tem sua fonte histórica. Se não tivesse tido seu vínculo espaço-temporal, não seria meio para uma proposta esperançosa.
Por isso, tenhamos uma fortaleza dos racionais. A política deve voltar seu olhar para a razão, novamente. Enquanto a nossa democracia for conduzida por políticos que viciam e eleitores que são viciados, as nossas comunidades e várias situações estarão piores e mais degradadas. Comecemos desde já, a não votar em candidatos que não têm propostas e nem capacidade de representar o povo naquilo que é-lhe de direito e dever, no tocante à Justiça e à Caridade. Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Pároco de São José de Mipibú-RN
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