Em março de 2010 escrevi o texto abaixo, onde denunciei as mazelas e desgraças proporcionadas pelo consumo de drogas, principalmente entre os jovens mipibuenses.
Seis meses depois, finalmente as autoridades locais resolveram enfrentar a questão, e realizarão uma Audiência Pública amanhã, 22 de setembro, onde o tema será debatido.
Espero que no final do evento, sejam traçadas diretrizes eficientes no sentido de enfrentar o problema.
A tarefa não é fácil, entretanto, se não tomarmos medidas urgentes agora, a coisa descambará para o incontrolável. Tenho certeza a sociedade mipibuense não quer isso.
É importante que toda a comunidade compareça nesse debate amanhã, apesar do atraso.
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CRACK A DROGA DA MORTE PREOCUPA MIPIBU
É de uma velocidade vertiginosa a forma como o crack estraçalha a vida de um ser humano.
A pedra da droga que custa R$ 5,00 (cinco reais), é um produto elaborado dos restos da cocaína, e atrai, sem distinção, ricos e pobres, crianças e adultos, trabalhadores e desempregados.
Os efeitos no cérebro, a loucura por mais um cachimbo, a transformação de corpos saudáveis em figuras esquálidas, e a total ausência de pudor em roubar para manter ou aquietar o maldito vício, fazem parte da rotina dos que consomem a terrível droga.
Outrora restrita aos meninos de rua do centro de São Paulo/Rio, coisa que costumávamos ver apenas na televisão, a droga ganhou o rumo das pequenas cidades brasileiras, atingindo lugares onde jamais se imaginaria que ela chegasse.
Aqui em Mipibu a coisa já tomou um rumo, no mínimo, preocupante partindo para alarmante, se não forem tomadas medidas urgentes.
É comum ouvir histórias de pessoas jovens, filhos e filhas de pessoas conhecidas e próximas a nós mesmos, envolvidas e completamente dominadas pelo vício.
Hoje, digo isso porque já vi, qualquer pessoa, seja de maior ou de menor idade tem acesso a droga em vários pontos de São José de Mipibu, inclusive nas praças do centro da cidade, sem falar na já “famosa” área da mata da bica, transformada numa boca-de-fumo.
Vejam só no que se transformou um dos mais belos pontos turísticos da cidade, outrora utilizado pelas famílias mipibuenses para tomar banho, ou se refrescar nas águas límpidas da nascente do rio Mipibu.
Os mipibuenses ausentes já devem estar de cabelo em pé, mas infelizmente a realidade é essa.
O problema é grave e requer muita coragem para enfrentá-lo.
Por falar em coragem, nunca é tarde lembrar dos discursos da atual prefeita nos palanques da campanha eleitoral.
“CORAGEM EU TENHO”, dizia nossa prefeita bradando nas praças e ruas da cidade, e o povo pensando que ela tinha toda aquela coragem, lhe entregou confiantemente o comando da cidade.
De fato ela teve coragem sim, mas de deixar São José e se mudar para Natal com sua família, fugindo da realidade de total insegurança que afugenta e assusta os que de fato moram e aqui vivem.
Recentemente tivemos mais um capítulo nessa triste novela.
O vereador Kerinho sofreu um assalto brutal em sua granja, sendo covardemente agredido por bandidos impiedosos, juntamente com sua esposa, e um filho de poucos meses de idade.
Felizmente ele conseguiu se safar, escapando por pouco de uma tragédia ainda maior, tendo inclusive recuperado os bens que lhe foram roubados, graças a uma ação muita bem sucedida da PRF – Polícia Rodoviária Federal, que prendeu os meliantes.
Antes que alguém diga que eu só sei criticar, vai aqui uma sugestão:
Sugiro que seja feita uma Audiência Pública, encabeçada pela Câmara de Vereadores de São José de Mipibu, convocando ou convidando as seguintes autoridades:
A Prefeita Municipal, o Delegado de Polícia Civil, o Chefe do Pelotão de Polícia Militar, a Promotora Pública, a Juíza da Comarca, Representantes da Sociedade Civil e, sem nenhuma justificativa de falta, o Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Norte.
Essa audiência deverá ser pautada, única e exclusivamente, em duas questões.
Segurança pública e tráfico de drogas no âmbito do município de São José de Mipibu.
Um aviso.
De nada adiantará essa audiência se, no final, não forem traçadas diretrizes e assumidos compromissos no sentido COMEÇAR a enfrentar o problema.
Fica aqui esse recado de um mipibuense que, invariavelmente, também sofre com as mazelas narradas nesse artigo.
Ao contrário de outras figuras aqui da aldeia, coragem eu tive (e continuarei tendo), pelo menos de denunciar através desse texto, coisa que muitos se esquivam ou fingem que não estão vendo.
* Matéria publicada em 16 de março de 2010.