domingo, 27 de fevereiro de 2011

AULA CONSTRANGEDORA - ARTIGO DA PROFESSORA EURÍDICE CARVALHO



AULA CONSTRANGEDORA


Por mais que vivamos, nunca estamos preparados para as situações constrangedoras que estão por vir. Alguns professores do CRE de São José, desde julho de 2010, participam de um curso de especialização em LIBRAS (para quem não sabe, Linguagem de Sinais utilizada pelos surdos). Como já citei em texto anterior, nós pagamos por esse curso, apesar de reiteradas tentativas de acesso através de verbas públicas para a qualificação do professor, enfim, quem sabe faz a hora não espera acontecer.

No início, nos reuníamos na Secretaria de Educação, terminamos ali o 1º módulo, apesar de vários momentos de espera, e até procura pela chave da Secretaria. Já que o curso acontece de 18:30 às 21:00, chegávamos na Secretaria num horário em que não havia ninguém, procurávamos as chaves na casa da Profª Cilene, onde a maior parte das vezes ela estava, porém houveram dias em que funcionários não deixavam as chaves no local, e lá ficávamos nós ligando para a secretária, para a diretora do CRE, que havia conseguido o espaço para nós, enfim, tornou-se de tal forma desgastante que algumas professoras foram à Escola Municipal Profº Severino Bezerra de Melo e conseguiram uma sala para nossas aulas. Fomos muito bem recebidos pelos funcionários da escola, que, inclusive disponibilizavam a sala de informática quando possível, sem problema algum. Ali concluímos o 2º módulo do curso.

O 3º módulo reiniciou-se no dia 1º de fevereiro, estava viajando e não pude participar do início, mas, retomei as aulas dia 21, após um intervalo em que nosso professor participou de um congresso. Qual não foi a minha surpresa ao chegar para a aula de quarta-feira dia 23 e deparar-me com a escola fechada. Minhas colegas disseram-me que não era a primeira vez que acontecia, e, que já haviam tido aula duas vezes no estacionamento ali em frente ao Municipal. Liguei para a diretora Marília Padilha, pessoa a quem prezo muito, minha amiga pessoal e profissional da maior competência, ela explicou que de dois em dois dias não tem vigia na escola. A aula aconteceu, novamente, ali, no estacionamento em frente à escola. Não pensei duas vezes, liguei para meu marido e pedi que fotografasse nossa situação para ilustrar este artigo.


Nosso sentimento é de desrespeito e humilhação, nossa situação das mais constrangedoras; pessoas passavam e, por falta de conhecimento, achavam graça; ônibus, carros e motos em alta velocidade faziam-nos nos levantar do meio-fio a todo momento; formigas atacavam nossas pernas e adjacências; enfim, não podemos perder um dia de aula. Nosso professor, que é o presidente da ASNAT (Associação de Surdos de Natal), Arnour Lima, não pode perder essa viagem, além do mais, estamos num intensivo para terminar o curso em maio porque uma das alunas está grávida e não queremos que se prejudique. Terça-feira, dia 1º de março, acontecerá a avaliação do módulo, pelas nossas contas é dia sem vigia, não sabemos o que vai acontecer. Esperamos que tudo corra bem.




Eurídice Carvalho
Professora da rede pública municipal

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