SINOPSE
Pedro de Almeida, garimpeiro de 81 anos de idade, comanda como mestre de cerimônias o velório, o cortejo fúnebre e o enterro de João Batista, que morreu com 120 anos. O ritual sucede-se no quilombo Quartel do Indaiá, distrito de Diamantina, Minas Gerais. Com uma canequinha esmaltada, ele joga as últimas gotas de cachaça sobre o cadáver já assentado na cova: “O que você queria taí! Nós não bebeu ela não, a sua taí. Vai e não volta pra me atentar por causa disso não. Faz sua viagem em paz”.
Dessa maneira acaba o sepultamento de João Batista, após 17 horas de velório, choro, riso, farra, reza, silêncios, tristeza. No cortejo, muita cantoria com os versos dos vissungos, tradição herdada da áfrica. Descendente de escravos que trabalhavam na extração de diamantes, nas Minas Gerais do tempo do Brasil Império, Pedro é um dos últimos conhecedores dos vissungos, as cantigas em dialeto banguela cantadas durante os rituais fúnebres da região, que eram muito comuns nos séculos 18 e 19.
Garimpeiro de muita sorte, Pedro já encontrou diamantes de tesouros enterrados pelos antigos escravos, na região de Diamantina. Mas, o primeiro diamante que encontrou, há 70 anos, o tio com quem trabalhava o enterrou e morreu sem dizer onde. Depois disso, vive sempre em uma sinuca: para reencontrar o diamante só se invocar a alma de seu tio João dos Santos. “É um diamante e tanto, você precisa ver que botão de mágoa.” Ao conduzir o funeral de João Batista, Pedro desfia histórias carregadas de poesia e significados metafísicos, que nos põem em dúvida o tempo inteiro: João Batista tinha pacto com o Diabo?; O Diabo existe?; estamos sozinhos, ou as almas também estão entre nós?; como Deus inventou a Morte?
A atuação de Pedro e seus familiares frente à câmera nos provoca pela sua dramaturgia espontânea, uma auto-mise-en-scène instigante. No filme, não se sabe o que é fato e o que é representação, o que é verdade e o que é um conto, documentário ou ficção, o que é cinema e o que é vida, o que é africano e o que é mineiro, brasileiro.
FICHA TÉCNICA
Título Original: Terra Deu, Terra Come
Formato de captação: DVC PRO HD e 16mm
Formato de exibição: HDCAM
Duração: 88 minutos
País: Brasil
Gênero: Documentário
Realização: 7 Estrelo Filmes
Produtora Associada: Tango Zulu Filmes
Distribuição: VideoFilmes
Direção: Rodrigo Siqueira
Colaborou na direção: Pedro de Alexina
Fotografia: Pierre de Kerchove
Som: Célio Dutra
Produção executiva: Rodrigo Siqueira e Tayla Tzirulnik
Assistente de Produção: Juliana Kim
Pesquisa: Lúcia Nascimento e Rodrigo Siqueira
Produção de frente: Marcelo Ferrarini e Roberta Canuto
Produção de set: Ricardo Magoso
Edição: Rodrigo Siqueira
Arte e gráficos: Júlio Dui
Finalização de imagem: Alex Yoshinaga
Mixado nos estúdios: TIL
Produção de Lançamento: Lívia Rojas e Michael Wahrmann
Lançamento online: Felipe Pacheco
SERVIÇO
Local: CINE CAJU
Data: 15 de outubro (sexta-feira)
Horário: 19:30 h
Endereço: Av. Moizaniel de Carvalho, 323 – Centro Sede da ASSOCIAÇÃO CAJUPIRANGA
Entrada: Gratuita
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