sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MIPIBU DIVIDIDA - E AGORA SÃO JOSÉ?


Durante meses a fio, escrevi inúmeros artigos e postagens em jornais e blogs, participei de pronunciamentos e debates em rádio, convoquei a população para atos e debates públicos, ou seja, tudo que estava ao alcance do simples cidadão Amauri Freire foi feito, no sentido de evitar o que considero o maior acinte ao povo de São José de Mipibu.

Nesse exato momento estou distante de Mipibu. Encontro-me trabalhando no município de Guamaré, distante 220 Km do velho e sofrido torrão e, quase sem acreditar, venho recebendo incontáveis notícias da abertura da BR 101 pelo DNIT, ocorrida na manhã de hoje.

A sensação que mais se aproxima do que eu estou sentindo, como cidadão, é de impotência e, ao mesmo tempo, de perplexidade.

Acompanhei esse processo desde o início, antes mesmo de começarem as obras, pois sabia da sua importância não apenas para São José de Mipibu, mas para o RN e para o Brasil.

Enfatizo que, antes do início das referidas obras houve Audiência Pública em todas as cidades onde as mesmas causariam impacto nas áreas urbanas. Obviamente que houve uma em Mipibu. Ou seja, todo mundo sabia como o projeto seria executado.

Quando falo todo mundo, me refiro às autoridades municipais, que participaram ou “assistiram” a Audiência Pública.

Trocando em miúdos.

Desde o começo dessa história era de conhecimento das nossas autoridades, que só existia no papel a colocação de uma única passarela, e nenhum túnel ou elevado para passagem de automóveis em toda a extensão da área urbana.

Passaram-se anos, a obra avançou, o muro subiu e, só agora em 2010 é que, pressionados pela mídia local e por outros setores da sociedade, finalmente alguns deles resolveram reagir e, como vimos, tarde demais.

O resultado dessa inércia todos já sabem.

A cidade está literalmente dividida por um muro de quase 3 quilômetros, sem que haja um único ponto de travessia com segurança para pedestres.

O DNIT limitou-se a deixar pequenas “brechas” no muro, instalando lombadas nas proximidades desses locais, como se isso fosse suficiente para dar a necessária segurança aos que precisam se deslocar de um lado para o outro da cidade.

Quanto a passarela, que já deveria estar devidamente instalada, tive notícia de que a mesma será colocada até o mês de dezembro. (não se sabe de que ano).

Enquanto isso centenas e milhares de mipibuenses que precisam se deslocar pela cidade, vão se aventurar numa verdadeira roleta russa.

Diante desses fatos, o que será que pensam as nossas autoridades?

Essa resposta eu não tenho, mas convém lembrar o seguinte: a prefeita, a juíza, a promotora, o delegado e alguns dos nossos vereadores moram em Natal ou noutras cidades, ou seja, nenhum deles sofre na pele as conseqüências dessa terrível mazela.

As possibilidades de alguém vir a se machucar ou se ferir nessa travessia são palpáveis e visíveis e, caso isso venha de fato a ocorrer, alguém com certeza será responsabilizado.

Volto a repetir.

O DNIT deveria instalar um semáforo, pelo menos nas proximidades da rodoviária, enquanto a tal passarela não for instalada.

Com a palavra nossas autoridades.

Me perdoem a franqueza, mas Mipibu merecia melhor sorte.

P.S. – Na linguagem do matuto, as únicas autoridades residentes na cidade são o padre e o coveiro.



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SEQÜÊNCIA CRONOLOGICA
DE FOTOGRAFIAS DA OBRA

A rodovia antes da duplicação






Início das obras na área urbana










A chegada do muro


O protesto que paralizou o trânsito




A triste realidade de um cadeirante
O sofrimento de Tito para atravessar o muro






O muro avança pela cidade
Varandas são instaladas


O caos na passagem da rodoviária


As canas da usina ganham elevados




Cenas da tarde de hoje
As pistas estão liberadas para o
tráfego de carros e caminhões



Fotografias: Amauri Freire e Matheus Freire

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