Padre Matias Soares UMA VISITA À ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
Sempre ouvi pessoas dizendo que a casa onde os representantes do legislativo exercem seu poder de delegados do povo, pertencia a esse mesmo povo. Ainda, estão por lá, os vários funcionários de plantão que são pagos com o dinheiro deste povo para atenderem às pessoas que são seus reais empregadores. Tudo isto é tão lindo! Parece que a ilha utópica de Tomas More por lá chegou, mas reluta em não ficar. Os leitores logo acharão engraçado. Eu também. Pois é mais uma piada da dita, democracia brasileira. Estava lendo que as instituições de maior credibilidade da sociedade brasileira são as Forças Armadas e a Igreja Católica (Cf. Instituto Getúlio Vargas) Por que será? Basta uma simples visita a uma destas casas. Quando não está do lado deles, criticam a mídia por causa desta falta de crédito da comunidade na sua classe. Mas não é! Os meios de comunicação, quando exercem com seriedade seu múnus, reproduzem o que é latente à realidade. Os políticos não estão nem querem se preparar para ser servidores dos cidadãos na justiça e na verdade. Preferem enganar e mentir com seus desvios de conduta e de honradez. No Brasil hodierno, ser político, parece mais coisa de vagabundo e gente vaidosa. Para os pobres que se candidatam é porque querem se promover mais facilmente, e para os ricos é pura vaidade. O poder é uma tentação de todos. Nem sempre, quem tem dinheiro, o tem. Como a massa se corrompe porque não tem educação, nem saúde, nem segurança etc, então os corruptores se aproveitam, como sanguessugas, das misérias sociais dos mais pobres. Lá, nestas casas, também percebemos esta tendência. As pessoas são maltratadas porque, para eles, todos vão lá para pedir um dinheirinho. Como eles são, como são, os demais cidadãos também o sejam. Existem, ainda, pessoas, que têm ciência que aquela instancia é bem público e que aqueles outros cidadãos que estão ali têm a obrigação de tratar respeitosamente às pessoas. Será que eles se esquecem de receber seus salários no final do mês? Claro que eu me refiro aos que, mesmo desastrosamente, fazem alguma atividade! Pois nem falamos nos parasitas que nem lá aparecem, mas recebem as moedas por causa dos acordões dos tempos da campanha. Será que não há possibilidade de limpar aquele almoxarifado da prodigalidade, daquele que deveria ser o espaço da ação democrática por excelência?
Os deputados não são encontrados. Os atendentes mentem mais que animal ruim de preá. Com certeza, poucos têm formação e condições de trabalhar ali, porque, se o tivessem, estavam num lugar que oferecesse mais estabilidade empregatícia e econômica. E muitos que hoje têm alguma seguridade é porque entraram antes da obrigação concursal tipificada pela Constituição de 1988. Será que não há reciclagem para os funcionários? Pode ter certeza que estão precisando! Até para mentir tem que haver alguma artimanha. Se os senhores que deveriam estar para atender aos seus empregadores não estão, ao menos que colocassem gente mais idônea para receber os cidadãos!
Mesmo sabendo que a culpa é nossa, que ainda não aprendemos a votar, vale a deixa que uma casa se caracteriza como espaço de acolhimento; por isso, aquela que é do povo, em hipótese alguma pode ser diferente. Caros políticos, como dizem os simples: “falta de aviso não foi!” a pesquisa poderia nos apontar para uma necessária reflexão, a saber: Que tipo de democracia nós ainda estamos vivendo e malevolamente celebrando? A política deveria nos levar ao verdadeiro exercício da liberdade. O que ela é muitos sabem, mas o que de fato significa, muitos ainda estão precisando descobrir. Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Pároco de São José de Mipibú-RN