A origem e o fim
do mal
“Temos uma só
vida, portanto, uma única oportunidade para escolhermos entre o bem e o mal”. É
esta a afirmação segura do renomado exorcista italiano Gabrielle Amorth no seu
livro “Um exorcista conta-nos” da Paulinas editora. Pode parecer algo
ultrapassado, mas se quisermos compreender a origem do mal de modo menos
folclórico e fantasioso deveríamos ler este Best-seller europeu. Em 35 anos de
experiência o sacerdote adquiriu autoridade e ciência para falar sem alardes e
sem melindres desta realidade. Sem dúvida, ao ler o texto, vemos claramente que
para o Sacerdote Católico, o Diabo não é responsável por todo o mal, uma vez
que o homem é livre, porém enganam-se os que pensam se tratar apenas de uma
expressão linguística para falar do mal generalizado. Confesso que detesto vê
pregadores nas televisões pondo o Demônio em tudo, quase esquecendo a mensagem
de vida e esperança de Jesus Cristo. Todavia, é bem verdade que é mais cômodo
e, talvez, mais atraente pregar um cristianismo só de um “amorzinho
sentimental” e aparente que renega por completo a cruz, a renúncia, as lutas
para viver conforme a verdade do evangelho que salva e liberta para gerar
ressurreição.
O mal é uma
realidade e há muitos escravos da maldade porque se fazem seguidores do “pai da
mentira”. É assim que Cristo chama o Demônio e é assim que muitos se comportam:
“Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era
homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não
está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso
e pai da mentira.”(Ev. João 8,44). O problema é que a mentira, a calúnia, a
falsidade não salvam nem libertam. Há uma escravidão sempre crescente que leva
a uma fome insaciável, pois não existe satisfação duradoura naquilo que não é
de Deus. O mal é como um fogo que se consome sem poder destruir, sem poder
aniquilar para sempre a voz de Deus que fala ao coração e à consciência: “Eu te
amo, mas tu erraste, tens que escolher a mim ou tuas ilusões”. É aqui que o
homem, não o simples pecador, mas principalmente o perverso e mentiroso
gostaria de calar a voz de Deus. E como não o pode fazer lança-se voraz contra
a voz da Igreja. Ah como muitos almejam o dia em que a Igreja seja apenas uma
recordação do passado! Esquecem-se tola e completamente que a história dos
últimos 20 século se confunde com a história da própria Igreja católica. É
certo que em alguns momentos da sua caminhada o mal se introduziu no coração e
na vida de alguns, que já eram perversos por sua vida e práticas contrárias a
natureza e a dignidade humanas, mas nunca ela deixou ou deixará de ser a
“Esposa amada do Cordeiro” e também a “Morada de Cristo entre os homens” sobre
a qual está uma das mais firmes profecias do Salvador: “As porta do inferno
nunca poderão vencê-la” (Mt 16,18).
Quando era
seminarista havia um professor que costumava comparar nossa vida com uma partida
de futebol com a diferença que o time de Cristo já sabia da vitória. Nunca
gostei desta ideia, talvez porque nunca fui um torcedor apaixonado, porém lendo
o livro do Pe. Gabriele Amorth e, sobretudo, acompanhando a maldade crescente
em todo o mundo (longe e perto) sou obrigado a admitir que se a vida não se
trata de uma “partida”, ela é uma grande, maravilhosa e única oportunidade para
sermos do bem ou do mal, da verdade ou da mentira, de Cristo ou do demônio; e
que após esta breve passagem resta-nos colher a vida ou a morte, sendo que
ambas são eternas. Hoje compreendo mais do que nunca porque em todas as missas
rezamos “livrai-nos de todos os males, ó Pai” e ao acordar o cristão faz seu
primeiro “exorcismo” do dia quando reza: “...livrai-nos, Deus Nosso Senhor, de
nossos inimigos”.
Pe. José
Lenilson de Morais
Mestre em
Escatologia e
Vigário Paroquial de S. José de Mipibu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário