Estarrecido com a situação de violência em São José de Mipibu, cujas notícias me chegam através de alguns BLOGS, empenhados na defesa do nosso município, fui reler algumas matérias que assinei para o Jornal “O Alerta”, focalizando esse tema.
Constatei que a minha parcela de contribuição vem sendo dada há muitos anos, como este que escrevi em 2007, quando alertamos as autoridades locais para o perigo que rondava São José de Mipibu, já mostrando sua terrível face sem, contudo, ter a menor prevenção por parte de quem tem o dever de zelar pela segurança e pela paz dos mipibuenses.
Edílson Avelino dos Santos
Artista Mipibuense
didiavelino@globo.com
Há mais de seis anos, venho chamando a atenção para a violência crescente que se instalou em São José de Mipibú a partir da grande explosão turística no Rio Grande do Norte, particularmente em Natal e todo litoral adjacente.
Esse alerta tem sido reiterado tanto nesta coluna – o último, faz precisamente um ano – como também nas minhas viagens a São José, aos familiares, amigos, políticos, pessoas da administração, enfim, àqueles a quem tenho possibilidade de expor os meus pontos de vista.
Sem querer aprofundar-me em matéria sociológica, devo reconhecer que o tema é excepcionalmente vasto, não comportando conclusões definitivas nem fórmulas mágicas, porém, utilizando-se de um mínimo de lógica, será possível entender o porquê da violência ter aportado em São José e encontrado terreno fértil para se enraizar.
O crescimento de nossa capital se deu de forma desordenada, à revelia do bom senso e fruto da falta de projeção técnica, econômica e, sobretudo, social. Tanto do ponto de vista geográfico quanto demográfico, Natal passou por grandes transformações a partir da explosão do turismo emergente. Daí, com o crescimento populacional, com o mercado de trabalho cada vez mais especializado e competitivo e com a especulação imobiliária se impondo sobre a população periférica, aconteceu a conseqüente migração para os municípios circunvizinhos, São José de Mipibú, um deles.
Evidentemente, todos os problemas sociais conexos a esse fenômeno migratório iriam eclodir num curto espaço de tempo. E não me digam que os órgãos responsáveis pelas políticas públicas, tanto do estado quanto dos municípios, não previam esse fato.
O que faltou? Certamente, visão política, tanto do governo do estado, que transferiu a esses municípios os problemas sociais que eram, até então, de sua alçada, como faltou também ação e atitude das autoridades municipais com relação a um mínimo de infra-estrutura adicional nas áreas básicas de educação, saúde e segurança para receber esse contingente extra de habitantes.
Atualmente a população de São José quase triplicou em relação aos anos setenta, no entanto não dispõe de um contingente policial compatível com suas necessidades. Hoje, possivelmente, seria a proporção de um policial para três mil e trezentos habitantes. Ora, convenhamos, estão brincando com coisa extremamente séria. Jamais houve alguém em nossa cidade cuja atenção fosse voltada para a área de segurança com olhar atento aos fatos que no dia-a-dia geram e possibilita a violência se instalar e proliferar.
A estrutura de poder no nosso município tem atuado estritamente nos casos já consolidados ou em vias de consolidação, cumprindo tão somente as formalidades de sua atuação institucional. Não vemos qualquer movimento, seja do executivo, do legislativo ou do judiciário, que ambicione ações preventivas na área de segurança. Até onde sei, não há nenhuma pesquisa, nenhum estudo, nenhuma estatística, que aponte as origens e causas do flagelo da violência que se abateu sobre São José de Mipibú. Programas específicos que ambicione conter esse alarmante quadro de degradação social, menos ainda.
Certamente, a maioria das autoridades hoje constituídas em nossa cidade, não conheçam a história pregressa de paz e harmonia em que o povo mipibuense viveu até final dos anos setenta. Talvez a atual prefeita lembre dessa referência, pois era pré-adolescente à época. Vivíamos num mar de tranqüilidade e, jovens, fazíamos serestas nas praças e ruas, onde quer que o coração indicasse o endereço, tendo apenas a lua como nossa guardiã, e, se por ventura, alguém ultrapassasse o código de ética vigente, eram nossos pais, ou os pais dos amigos, quem nos convidava a findar a farra.
São José de Mipibu era um oásis de tranqüilidade. Lembro que a guarnição de policiais em São José, à época, com aproximadamente vinte mil habitantes, eram de quatro soldados e um cabo, e não se tinha notícia de assassinatos, assaltos ou estupros. O índice de criminalidade no município era infinitamente baixo e, por isso, o medo não prevalecia.
Evidentemente, estou me referindo a um idílio com a cidade que seria impossível manter indefinidamente. Seria leviano se pretendesse essa utopia. Entretanto, não podemos admitir que as mudanças sejam tão cruéis e violentas em tão curto espaço de tempo, transformando a cidade em refém da marginalidade.
Além da paralisia institucional que pouco vê, ou se sabe, pouco se envolve, a população cidadã que paga seus impostos, gera receita para o município, aquela mesma que elege seus representantes, não expõe a sua indignação, preferindo se omitir, fechando-se em seus lares, deixando as ruas e praças de nossa cidade entregues ao vandalismo e à delinqüência de toda sorte.
Segundo grandes estudiosos no assunto, pior do que a constatação da violência é o medo de enfrentá-la e a banalização da mesma.
Observei in loco, no início deste ano(2006), que a situação de descontrole da violência em São José está de tal forma que notícia de roubo, morte, estupro, assalto, já não surpreende ninguém, é como se fosse notícia trivial e comum. Terrível e triste é a passividade com que a população convive com essa situação.
Quando a noite chega, a situação se agrava, pois as ruas se transformam em pistas de corrida e acrobacias de motoqueiros, gangues de arruaceiros se engalfinham em brigas e depredam tudo que vêem ao saírem das festas, o uso de droga é ostensivo, o número de menores envolvidos é cada vez maior, pessoas contam que há lugares onde é estabelecido “pedágio” para se transitar. Enfim, o que dizer desse estado de coisas que vem acontecendo em São José de Mipibú? A pergunta que não deve ser contida:
Onde estão e o que fazem as autoridades do município para resolver os problemas de violência contra nossa população?
Vários e vários mipibuenses, entre os quais, empresários e comerciantes, já foram vítimas de roubos e assaltos. Há muito estão alarmados com a situação de violência que se instalou em São José e não vêem nenhuma providência sendo tomada. Já não se pode montar o próprio negócio, prosperar e viver dignamente dos frutos do seu trabalho, pois se torna um alvo em potencial. A vítima mais recente desse quadro aterrorizante foi o empresário, e grande amigo, Cícero Golinha, que teve sua residência invadida por assaltantes, sua família sob a mira de bandidos e barbaramente alvejado pelos delinqüentes. Polícia,? Ambulância? Ah, isso só muito tempo depois, para desespero da família e dos seus amigos.
Evidentemente, não podemos responsabilizar os policiais nem tampouco a equipe de socorro por negligência, afinal, são poucos para o ofício e as diligências são muitas. Mas, então porque não dotar São José de Mipibú de infra-estrutura compatível com suas necessidades, tanto de policiamento quanto de assistência de primeiros socorros? Há como resolver os problemas, porém, sem iniciativa e sem buscar os recursos, nada vai mudar.
Pra se iniciar uma mudança efetiva, que tal, todas as autoridades do município residirem nele? Que tal participarem mais dos dias e das noites de São José?
Finalizando vou repetir o que já disse nesta coluna, anteriormente:
Negligenciar na área da segurança é mais do que crime, é suicídio coletivo!
Depois não digam que não avisei...
(*) Artigo escrito para o jornal O Alerta, n° 358, em 2007.
Arquivo do autor.
Constatei que a minha parcela de contribuição vem sendo dada há muitos anos, como este que escrevi em 2007, quando alertamos as autoridades locais para o perigo que rondava São José de Mipibu, já mostrando sua terrível face sem, contudo, ter a menor prevenção por parte de quem tem o dever de zelar pela segurança e pela paz dos mipibuenses.
Edílson Avelino dos Santos
Artista Mipibuense
didiavelino@globo.com
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VIOLÊNCIA EM SÃO JOSÉ
Quem será a próxima vítima? (*)
Quem será a próxima vítima? (*)
Há mais de seis anos, venho chamando a atenção para a violência crescente que se instalou em São José de Mipibú a partir da grande explosão turística no Rio Grande do Norte, particularmente em Natal e todo litoral adjacente.
Esse alerta tem sido reiterado tanto nesta coluna – o último, faz precisamente um ano – como também nas minhas viagens a São José, aos familiares, amigos, políticos, pessoas da administração, enfim, àqueles a quem tenho possibilidade de expor os meus pontos de vista.
Sem querer aprofundar-me em matéria sociológica, devo reconhecer que o tema é excepcionalmente vasto, não comportando conclusões definitivas nem fórmulas mágicas, porém, utilizando-se de um mínimo de lógica, será possível entender o porquê da violência ter aportado em São José e encontrado terreno fértil para se enraizar.
O crescimento de nossa capital se deu de forma desordenada, à revelia do bom senso e fruto da falta de projeção técnica, econômica e, sobretudo, social. Tanto do ponto de vista geográfico quanto demográfico, Natal passou por grandes transformações a partir da explosão do turismo emergente. Daí, com o crescimento populacional, com o mercado de trabalho cada vez mais especializado e competitivo e com a especulação imobiliária se impondo sobre a população periférica, aconteceu a conseqüente migração para os municípios circunvizinhos, São José de Mipibú, um deles.
Evidentemente, todos os problemas sociais conexos a esse fenômeno migratório iriam eclodir num curto espaço de tempo. E não me digam que os órgãos responsáveis pelas políticas públicas, tanto do estado quanto dos municípios, não previam esse fato.
O que faltou? Certamente, visão política, tanto do governo do estado, que transferiu a esses municípios os problemas sociais que eram, até então, de sua alçada, como faltou também ação e atitude das autoridades municipais com relação a um mínimo de infra-estrutura adicional nas áreas básicas de educação, saúde e segurança para receber esse contingente extra de habitantes.
Atualmente a população de São José quase triplicou em relação aos anos setenta, no entanto não dispõe de um contingente policial compatível com suas necessidades. Hoje, possivelmente, seria a proporção de um policial para três mil e trezentos habitantes. Ora, convenhamos, estão brincando com coisa extremamente séria. Jamais houve alguém em nossa cidade cuja atenção fosse voltada para a área de segurança com olhar atento aos fatos que no dia-a-dia geram e possibilita a violência se instalar e proliferar.
A estrutura de poder no nosso município tem atuado estritamente nos casos já consolidados ou em vias de consolidação, cumprindo tão somente as formalidades de sua atuação institucional. Não vemos qualquer movimento, seja do executivo, do legislativo ou do judiciário, que ambicione ações preventivas na área de segurança. Até onde sei, não há nenhuma pesquisa, nenhum estudo, nenhuma estatística, que aponte as origens e causas do flagelo da violência que se abateu sobre São José de Mipibú. Programas específicos que ambicione conter esse alarmante quadro de degradação social, menos ainda.
Certamente, a maioria das autoridades hoje constituídas em nossa cidade, não conheçam a história pregressa de paz e harmonia em que o povo mipibuense viveu até final dos anos setenta. Talvez a atual prefeita lembre dessa referência, pois era pré-adolescente à época. Vivíamos num mar de tranqüilidade e, jovens, fazíamos serestas nas praças e ruas, onde quer que o coração indicasse o endereço, tendo apenas a lua como nossa guardiã, e, se por ventura, alguém ultrapassasse o código de ética vigente, eram nossos pais, ou os pais dos amigos, quem nos convidava a findar a farra.
São José de Mipibu era um oásis de tranqüilidade. Lembro que a guarnição de policiais em São José, à época, com aproximadamente vinte mil habitantes, eram de quatro soldados e um cabo, e não se tinha notícia de assassinatos, assaltos ou estupros. O índice de criminalidade no município era infinitamente baixo e, por isso, o medo não prevalecia.
Evidentemente, estou me referindo a um idílio com a cidade que seria impossível manter indefinidamente. Seria leviano se pretendesse essa utopia. Entretanto, não podemos admitir que as mudanças sejam tão cruéis e violentas em tão curto espaço de tempo, transformando a cidade em refém da marginalidade.
Além da paralisia institucional que pouco vê, ou se sabe, pouco se envolve, a população cidadã que paga seus impostos, gera receita para o município, aquela mesma que elege seus representantes, não expõe a sua indignação, preferindo se omitir, fechando-se em seus lares, deixando as ruas e praças de nossa cidade entregues ao vandalismo e à delinqüência de toda sorte.
Segundo grandes estudiosos no assunto, pior do que a constatação da violência é o medo de enfrentá-la e a banalização da mesma.
Observei in loco, no início deste ano(2006), que a situação de descontrole da violência em São José está de tal forma que notícia de roubo, morte, estupro, assalto, já não surpreende ninguém, é como se fosse notícia trivial e comum. Terrível e triste é a passividade com que a população convive com essa situação.
Quando a noite chega, a situação se agrava, pois as ruas se transformam em pistas de corrida e acrobacias de motoqueiros, gangues de arruaceiros se engalfinham em brigas e depredam tudo que vêem ao saírem das festas, o uso de droga é ostensivo, o número de menores envolvidos é cada vez maior, pessoas contam que há lugares onde é estabelecido “pedágio” para se transitar. Enfim, o que dizer desse estado de coisas que vem acontecendo em São José de Mipibú? A pergunta que não deve ser contida:
Onde estão e o que fazem as autoridades do município para resolver os problemas de violência contra nossa população?
Vários e vários mipibuenses, entre os quais, empresários e comerciantes, já foram vítimas de roubos e assaltos. Há muito estão alarmados com a situação de violência que se instalou em São José e não vêem nenhuma providência sendo tomada. Já não se pode montar o próprio negócio, prosperar e viver dignamente dos frutos do seu trabalho, pois se torna um alvo em potencial. A vítima mais recente desse quadro aterrorizante foi o empresário, e grande amigo, Cícero Golinha, que teve sua residência invadida por assaltantes, sua família sob a mira de bandidos e barbaramente alvejado pelos delinqüentes. Polícia,? Ambulância? Ah, isso só muito tempo depois, para desespero da família e dos seus amigos.
Evidentemente, não podemos responsabilizar os policiais nem tampouco a equipe de socorro por negligência, afinal, são poucos para o ofício e as diligências são muitas. Mas, então porque não dotar São José de Mipibú de infra-estrutura compatível com suas necessidades, tanto de policiamento quanto de assistência de primeiros socorros? Há como resolver os problemas, porém, sem iniciativa e sem buscar os recursos, nada vai mudar.
Pra se iniciar uma mudança efetiva, que tal, todas as autoridades do município residirem nele? Que tal participarem mais dos dias e das noites de São José?
Finalizando vou repetir o que já disse nesta coluna, anteriormente:
Negligenciar na área da segurança é mais do que crime, é suicídio coletivo!
Depois não digam que não avisei...
(*) Artigo escrito para o jornal O Alerta, n° 358, em 2007.
Arquivo do autor.
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