segunda-feira, 13 de junho de 2011

HOMENAGEM À PROFESSORA RITA - POR EDILSON AVELINO

Foto: Blog de Daltro Emerenciano

Rita Maria da Silva
PROFESSORA RITA - UM EXEMPLO DE VIDA



Conheci Rita em meados dos anos setenta, em São José de Mipibu, quando chegou para passar uma temporada com os seus familiares, ilustre e querida família Ribeiro.

Fui apresentado a ela através da minha querida e inesquecível amiga Fátima Ribeiro e, de pronto, selamos uma amizade que se consolidou na convivência e na admiração mútua.

Rita sempre foi uma pessoa inquieta, no melhor sentido da palavra. De personalidade forte, nunca deixou um questionamento sem resposta, sem marcar posição. Sempre externava seu ponto de vista e jamais se omitia ou tangenciava em questões referentes à ética e à honestidade.

E, assim, só cresceu a minha admiração por Rita.

Em 1977, vim residir no Rio de Janeiro e, apesar das minhas idas constantes a São José, já não nos víamos com a mesma freqüência. Aliás, em virtude dos seus inúmeros afazeres e pela minha curta estadia em São José, passei um longo período sem vê-la.

Em 2007, para a minha alegria, a reencontrei na casa da minha irmã Aninha, de quem também era grande e querida amiga. Ambas professoras, sempre tinham assuntos em comum relacionados à educação.

Nesse nosso reencontro, eram tantos os assuntos em espera que o tempo foi curto para pormos em ordem tudo que queríamos falar um para o outro.

Mas, dentre as novidades que me deixaram feliz, uma foi especial: Rita era a atual diretora da Escola Estadual Francisco Barbosa!

Durante a nossa conversa, ficou claro para mim que a vida de Rita girava em torno daquele novo desafio. Estava eufórica, cheia de planos e projetos para a escola. Dava gosto de ver o entusiasmo com que falava dos professores, alunos, ginásio de esportes, computadores, reformas, enfim, parecia uma criança falando do seu “brinquedo” preferido. E eu ali, admirando a garra e a obstinação de construir, de realizar, daquela mulher que, não por acaso, era apaixonada pelo seu ofício.

Lembro que, dias depois, me presenteou com uma camiseta do colégio para que eu trouxesse de lembrança para o Rio. Empolgada, me contou sobre a criação da banda marcial que estava organizando com os alunos da escola, a quem se referia como verdadeiros “cúmplices” dos seus projetos educativos. Foi comovente ver tanta energia e vibração direcionadas à missão que abraçou.

Nos anos seguintes, sempre tive a satisfação do reencontro com Rita. E qual o seu assunto predileto? A Escola Estadual Francisco Barbosa, claro! Aí já me contou das realizações, da satisfação de ver os alunos envolvidos com cada projeto proposto, do diálogo permanente com seus companheiros professores, enfim, já dava para perceber os frutos das sementes que ela havia plantado.

Entretanto, vim saber que, concomitantemente ao seu trabalho, Rita estava fazendo acompanhamento médico e que a sua saúde carecia de atenção.

Surpreendi-me com o fato, pois ela sequer deixava transparecer qualquer debilidade ou limitação que prejudicasse o seu trabalho. Sempre atenta e dedicada, quando não estava na escola, estava ao celular resolvendo coisas relativas à mesma.

Essa dedicação chegou ao extremo quando, mesmo aconselhada pelos médicos a se afastar do trabalho, Rita permanecia enfrentando as suas tarefas como se estivesse gozando de saúde plena.

Este ano, quando estive em São José, pude ver que a saúde da minha amiga se agravara, mesmo depois de tanta luta pela vida.

Já não mais ia ao colégio e isso, a meu ver, lhe tirava o oxigênio vital, aquele que mantém pessoas produtivas, como Rita, de pé, sentindo-se útil.

As vezes que a encontrei, na casa de Aninha, minha irmã, conversamos sobre amenidades, já não cabia falar sobre o seu assunto favorito, o colégio.

Confesso que voltei ao Rio preocupado com o estado de saúde da minha querida amiga.

E, para minha profunda tristeza, sábado, dia 11 de junho de 2011, recebi um telefonema da minha Aninha, em soluços, dando-me a notícia do falecimento de Rita. Para nós, seus amigos, carinhosamente Nininha.

São José de Mipibu, certamente está de luto. Creio que o bom senso das pessoas que governam São José prevalecerá. Que seja decretado luto oficial em honra e memória de uma cidadã que amou a nossa cidade como poucos, dedicando grande parte de sua vida à construção de valores éticos, educacionais e humanos para os mipibuenses.

Aproveito a oportunidade para sugerir uma homenagem à altura do amor que a professora Rita Maria da Silva dedicou à Escola Estadual Francisco Barbosa: que seja dado o seu nome ao ginásio de esportes do colégio. Afinal, foi ela quem tanto lutou pela sua reforma e nada mais justo do que gravar o seu nome dentro das dependências daquela instituição.

Perdemos uma grande mulher, uma grande educadora, uma maravilhosa amiga, uma pessoa apaixonada pela vida, porém, fica o seu exemplo de garra, dedicação e amor ao seu ofício.

Que o Mestre dos mestres lhe conceda o mérito da luz e de Sua bênção.


Edílson Avelino (Didi Avelino)
Rio de Janeiro – 12/06/2011

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