sábado, 15 de janeiro de 2011

CIDADES QUE FUNCIONAM - PARACURU/CE

Praia da Pedra Rachada uma das mais belas do Brasil

Muitos cidadãos de Mipibu, que nunca arredaram o pé do chão daqui, pensam que o resto do mundo é igual a nossa terra, ou seja: esculhambado, desarrumado, desorganizado, bagunçado, e mais uma correola de adjetivos dessa mesma linhagem.

"Acostumados" com todo tipo de desordem, e vendo cotidianamente as normas e as leis serem descumpridas e desrespeitadas e, muitas vezes, rasgadas, são muitos os mipibuenses que não acreditam mais em quase nada, pensando que em todos os demais lugares a banda toca assim.

Em minhas andanças pelo Brasil afora já vi inúmeras cidades onde as coisas funcionam direitinho, muitas delas aqui mesmo no RN.

Numa tentativa de mostrar aos mipibuenses que desacreditam da possibilidade de que haja ordem em algum lugar do mundo, a partir de hoje esse blog fará uma série de postagens de várias cidades brasileiras, mostrando que a coisa tem jeito, desde que exista um mínimo de vontade política pelos que governam, e uma coisinha de nada de respeito pelos cidadãos.

A imagem da santa padroeira "protegida" por uma cerquinha de madeira. Em São José foi feita uma proteção de ferro no cruzeiro em frente da igreja, sendo destruída em pouco tempo pelas hordas de vândalos da cidade.

Nossa primeira parada será na cidade de Paracuru, localizada a 90 Km de Fortaleza, na costa do sol poente do estado do Ceará. É a única cidade à beira mar além da capital. São 20 km de costa ponteada por belíssimas praias: Guagiru, Carnaubinha, Pedra do Meio, Bica, Munguba, Igreja Velha (Ronco do Mar), Boca do Poço, Almas, Pedra Rachada, Pau Enfincado, Piriquara dentre outras.

A história de Paracuru é bem antiga e teve início antes mesmo do Brasil ser descoberto por Cabral. Segundo os historiadores Rodolfo Spínola, no livro “Vicente Pinzon e a descoberta do Brasil”, e Eduardo Bueno, no livro “Náufragos, Traficantes e Degradados”, no dia 29 de janeiro de 1500, Vicente Yanez Pinzon protagonizou a primeira batalha em terras brasileiras, entre Europeus e índios Paracuruenses (Tremembés), às margens do rio Curu.

Como é possível observar, há semelhanças nas origens, na formação e na organização social com São José de Mipibu. Por lá os índios Tremembés, por cá os Mipibus.

Só que nos dias de hoje a cidade consegue manter funcionando, pelo menos, os serviços básicos e são visíveis os sinais de ORDEM em vários pontos do lugar.

O trânsito da cidade é organizadíssimo: ninguém pilota motocicletas sem capacete, as faixas de pedestres são respeitadas, motoristas não trafegam na contra-mão nem por cima das praças e calçadas, os limites de velocidade na área urbana são cumpridos, (ninguém vê motoqueiro ensandecido, a mil por hora, pelas calçadas e com o cano de escape arrombado), só se estaciona em locais permitidos, e por aí vai.

Placas de advertência espalhadas pela cidade

A poluição sonora é combatida 24 horas por dia, existem placas de advertência em vários pontos da cidade e, quem se meter a "besta", é convidado a colocar um belo par de algemas com direito a uma visita à cadeia pública.

Um ponto interessante. NINGUÉM ousa ligar os “famosos” paredões de som, (confundidos como sinônimo de poder, status e até de virilidade por muitos babacas aqui em Mipibu).

A limpeza e a iluminação pública funcionam direitinho. Há vários pontos para depósito e coleta de lixo espalhados pela cidade e a população colabora.

Nos poucos dias em que lá estive pude observar o cuidado de todos com a limpeza, inclusive das crianças com os sacos plásticos (embalagem de quase tudo atualmente).

Sede do Juizado da Infância e Juventude

Outra coisa que me chamou atenção foi o cuidado com as crianças e adolescentes da cidade. Existe um juizado específico e o Conselho Tutelar funciona de verdade.

Na sede do Conselho, além do telefone da entidade, está escrito na fachada os nomes de todos os conselheiros com seus referidos telefones.

Telefone dos conselheiros tutelares na fachada do prédio

A última observação que fiz foi com a segurança pública existente na cidade.

Além da polícia militar e de trânsito, a prefeitura criou uma guarda municipal que, em conjunto, trabalha 24 horas por dia.

Há um trabalho preventivo e as rondas são constantes em todos os cantos daquele lugar.


Guardas municipais nas praças

A presença constante da polícia e da guarda municipal

Se comparados com outras cidades, os índices de violência em Paracuru são baixíssimos, fato determinante para que as pessoas tenham a sensação mínima de segurança, algo impensável nos dias de hoje em São José de Mipibu.

P.S. - Com certeza já deve ter algum cara pálida dizendo que Paracuru também tem problemas, o que é óbvio. Só que aqui em São José de Mipibu nem o básico do básico existe, e quando existe não funciona.

5 comentários:

  1. Viva aos que contribuem para a ordem e o progresso daquilo que pertence a cada um ser humano. é claro que a exemplo dessa cidade, nossa cidade de São José e Nisia podem ficar mais segura e bonita. Só não podemos esquecer que será uma operação de "recuperação" do se chama inconsciente coletivo, parte de cada um, mas as leis são feitas pelas autoridades e são muito bem vindas.

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  2. Continue mostrando imagens de cidades bem organizadas e limpas, pra quê possamos ter esperanças de que algum governante futuro se habilite a reorganizar a cidade e que nós possamos ter como exemplo: que um povo educado é mais feliz.Tenho nojo da praça em frente ao banco é suja e cheia de viciados.Poderia ser tâo linda como a da foto.

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  3. Concordo em gênero, número e grau com o que você diz a respeito de nossa cidade. A irresponsabilidade dos "pilotos", a imundície das ruas, os maus vizinhos que colocam seu lixo fora do horário nas portas dos outros, os inconvenientes paredões e paredinhas de som que desrespeitam nossos direitos, o desrespeito ao que é público, de muros a monumentos, praças e instrumentos para ginástica, tudo é depredado. Para voltar a ser uma cidade aprazível é necessário muita conscientização e apoio dos órgãos públicos. Decerto não adiantam medidas de parte da Prefeitura, ou de quaisquer outros órgãos, se a população não se dispuser a se tornar, cada um de nós, responsável por sua parte no processo de mudança. Devemos cobrar e principalmente educar e, até, reeducar se for necessário.
    Eurídice Carvalho Armán Lima

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  4. Como é bom estarmos diante de FUNCIONALIDADE. Muito bonita a cidade e o modelo de gestão adotado por ela. As fotos não são uma MIRAGEM, mas sim quando o poder público e população compartilham e seguem a mesma direção. Compartilho com as demais postagens, o do sentimento de abandono e da falta de respeito da população cada vez mais INGNORANTE. Será que teremos que continuar a ver São José de Mipibu sendo DESTRUIDA?
    Mais uma vez. ACORDA POPULAÇÃO, ACORDA PODER PÚBLICO.

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  5. Olá.

    Acabei de retornar de São José do Mipibu, na qual estive por 26 dias, e de onde parti para conhecer outros lugares do RN.
    Essa cidade me encanta. Porém, não pelo que ela é, mas pelo imensurável potencial do que poderia ser. E haja potencial. Isso, para quem a vê com outros olhos, com os olhos de quen a vê organizada de outra forma, seja pela responsabilidade política, seja pela responsabilidade cidadã do seu belo povo.
    Das coisas que mais me desagradou, já desde as outras vezes que a visitei: a sujeira; as calçadas que não respeitam o público; a pavimentação feita com desleixo e com visível economia talvez corrupta; a organização e sinalização do trânsito; a irresponsabilidade das forças políticas locais que permitiram a cidade ser dividida devido à ausência de viaduto ou passagem inferior na recém duplicada BR 101, apenas para citar alguns casos. E a reforma do Mercado? É lamentável que foi perdida uma grande chance de torná-lo modelo de luminosidade, ventilação e organização interna. O que dizer, então, de um tal "Shopping" recentemente inaugurado, em cuja placa oficial vê-se que foram gastos mais de R$ 383 mil (em 2 unidades), "beneficiando" 600 famílias. Fica tão óbvio, o óbvio. Vocês que estão aí, daqui a 4 a 6 meses, comparem o que foi feito em São José, com um Centro de Turismo que vi em construção na Baia Formosa, cuja verba orça em pouco mais de R$ 323 mil, e cujos fundamentos apontam uma outra qualidade de projeto, se eu não estiver enganado pelas aparências.
    Diferente do que é aqui no Sul, o povo daí vive a rua, e a Praça Central deveria ser mais respeitada e feita para o povo, com um inteligente e funcional projeto urbanístico que a tornasse referencial regional, e não algo tão grosseiro e politiqueiro como penso que o foi a construção desse tal "Shopping".
    Acredito que um projeto social de longo prazo poderia ser feito pelos mipibuenses conscientes e insatisfeitos, usando as escolas, a rádio local, as comunidades relogiosas, e outras organizações, visando revolucionar a organização social de São José do Mibibú. Ela, e seu povo, o merecem.
    Outra coisa: certamente, e correspondendo à organização constitucional e social do Brasil, devem existir diversos Conselhos Municipais (da Saúde; da Educação; da Merenda Escolar; da Assistência Social; do Desenvolvimento Econômico; da Segurança, entre outros) que são exigidos legalmente, aos quais compete aprovar e fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, sendo eles o esteio da administração pública e da organização social do Município.
    Esses Conselhos, se compostos por pessoas conscientes e comprometidas com o Município e o Social, podem se transformarem em ativos agentes transformadores.
    Creio ser essa uma das únicas esperanças para que São José do Mipibú seja aquilo que merece ser: uma cidade muito boa para se morar.

    Cordial abraço.

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