O crescente reacionarismo de líderes tucanos em São Paulo perdeu o pudor e se aconchega na demofobia, o horror ao povo. Depois das ações na Cracolândia e no Pinheirinho, bate o esculacho sobre as famílias do conjunto habitacional Paulo Gomes Romeo, em Ribeirão Preto. Ao conferir os problemas apresentados nas casas entregues pelo governo, o diretor regional da CDHU (órgão estadual de habitação), Milton Vieira de Souza Leite, concluiu que pobre é uma desgraça.
Em entrevista à Folha de hoje, ao ser questionado sobre os motivos dos problemas nas casas, ele declarou: "A gente conhece o nível de educação [dos moradores]... O pessoal veio da favela. Não está acostumado a viver em casa". À tarde, Vieira rodou.
Que um dirigente da CDHU pense assim demonstra a disposição do governo paulista em relação ao povão: distância. E se incomodar muito, baixa o pau. Em vez de política, polícia. A desocupação do Pinheirinho é mais que insensibilidade posta em marcha. O que se viu foi um atentado aos direitos humanos pelo governo e pela Justiça paulista, como explica Raquel Rolnik, relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada e colunista deste Yahoo!.
A invasão da polícia, planejada cuidadosamente e executada com violência, foi acompanhada de ausência de preparo para dar abrigo aos moradores da comunidade. Expulsas sob bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, essas famílias — incluindo crianças, idosos e cadeirantes — hoje se amontoam em uma escola sem qualquer condição de higiene. Encerrada a operação, as autoridades trocaram elogios por esse "sucesso". Surpreendente? Mas o que dizer de um governo que trata o golpe militar como "revolução" no site oficial da Secretaria de Segurança Pública?
A situação de suposta "ilegalidade" dos moradores do Pinheirinho, respaldada por um mandado judicial, serviu para encobrir abuso de poder. Agora, defensores da operação Pinheirinho denunciam manipulação política por militantes de esquerda (no caso, o PSTU, embrenhado entre os moradores). Ao agitar bandeiras partidárias, buscam esvaziar o drama daquelas famílias.
O caso Pinheirinho é um retrocesso numa democracia ainda capenga e revela do quanto ainda estamos distantes do reconhecimento do direito de cidadania, a despeito do acesso de famílias pobres à categoria de consumidor. Mas em São Paulo a culpa é desse "pessoal que veio da favela."
Por Michel Blanco | Putz
Em entrevista à Folha de hoje, ao ser questionado sobre os motivos dos problemas nas casas, ele declarou: "A gente conhece o nível de educação [dos moradores]... O pessoal veio da favela. Não está acostumado a viver em casa". À tarde, Vieira rodou.
Que um dirigente da CDHU pense assim demonstra a disposição do governo paulista em relação ao povão: distância. E se incomodar muito, baixa o pau. Em vez de política, polícia. A desocupação do Pinheirinho é mais que insensibilidade posta em marcha. O que se viu foi um atentado aos direitos humanos pelo governo e pela Justiça paulista, como explica Raquel Rolnik, relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada e colunista deste Yahoo!.
A invasão da polícia, planejada cuidadosamente e executada com violência, foi acompanhada de ausência de preparo para dar abrigo aos moradores da comunidade. Expulsas sob bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, essas famílias — incluindo crianças, idosos e cadeirantes — hoje se amontoam em uma escola sem qualquer condição de higiene. Encerrada a operação, as autoridades trocaram elogios por esse "sucesso". Surpreendente? Mas o que dizer de um governo que trata o golpe militar como "revolução" no site oficial da Secretaria de Segurança Pública?
A situação de suposta "ilegalidade" dos moradores do Pinheirinho, respaldada por um mandado judicial, serviu para encobrir abuso de poder. Agora, defensores da operação Pinheirinho denunciam manipulação política por militantes de esquerda (no caso, o PSTU, embrenhado entre os moradores). Ao agitar bandeiras partidárias, buscam esvaziar o drama daquelas famílias.
O caso Pinheirinho é um retrocesso numa democracia ainda capenga e revela do quanto ainda estamos distantes do reconhecimento do direito de cidadania, a despeito do acesso de famílias pobres à categoria de consumidor. Mas em São Paulo a culpa é desse "pessoal que veio da favela."
Por Michel Blanco | Putz
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