Emanuel Amaral
Espaço para ensino tecnológico, IFRN da Cidade Alta planeja implantação de Incubadora e criação de espaço cultural na rua Prof. Zuza, além de pôr no mercado a primeira turma formada em Produção
Yuno Silva - repórter
A falta de qualificação dos profissionais que atuam no mercado cultural no RN está com os dias contados. Pelo menos essa é a meta do IFRN-Cidade Alta, instituição pioneira no Brasil no ensino tecnológico de cursos ligados ao segmento artístico. Funcionando desde setembro de 2009 no mesmo prédio que serviu como sede para o Liceu Industrial entre 1914 e 1967, o Campus Cidade Alta do Instituto Federal irá graduar sua primeira turma do curso de Produção Cultural neste primeiro semestre, e está prestes a colocar em prática a Incubadora Cultural, iniciativa que deverá abrigar, por até dois anos, cinco empresas ligadas ao setor - os interessados deverão se submeter à edital público.
Atualmente são oferecidos cursos de formação técnica nível superior em Produção Cultural e Gestão Desportiva e de Lazer, e técnico nível médio em Guia de Turismo. O ingresso nos cursos regulares estão atrelados às provas do ENEM. Também há propostas de retomar o plano de oferecer o curso técnico de Conservação e Restauro e abrir cursos de pós-graduação voltados à qualificação de professores nas áreas de Lazer e Educação e Ensino das Artes.
O perfil cultural do Campus Natal Cidade Alta mereceu elogios da ministra da Cultura Ana de Hollanda e do secretário de Cultura da Paraíba Chico César, quando a comitiva do MinC passou por Natal em agosto do ano passado anunciando investimentos no Estado. Servindo de exemplo para outras unidades, o modelo está sendo replicado em um IF do Rio Grande do Sul. "Há uma carência no segmento cultural e desde o princípio estamos oferecendo suporte aos artistas que nos procuram", disse Lerson Fernando Maia, reeleito no último dia 1º de fevereiro como diretor da unidade pelos próximos quatro anos.
Por ser pioneiro, a direção do IFRN-Cidade Alta ainda trabalha para contornar discrepâncias criadas pela burocracia de gabinete como a readequação de editais, "afinal não se pode licitar da mesma maneira a compra de cadeira e a contratação de artistas. Estamos aprendendo a trabalhar com isso, os próprios professores também estão em processo de adaptação. São professores novos, trabalhando em um curso novo. Tanto é que a grade curricular de Produção Cultural já está passando por ajustes.
SEBRAE E INCUBADORA
Sobre a implantação da Incubadora Cultural, projeto desenvolvido em parceria com o Sebrae-RN, Lerson acredita que a "iniciativa é mais um passo rumo a consolidação da posição destacada que conquistamos em pouco mais de dois anos junto à classe artística". Segundo o diretor, que já firmou parceria com alguns grupos remanescentes da época da República das Artes, "relatos de vários artistas dão conta de que estamos ocupando a lacuna deixada pelas instituições municipal e estadual."
Inclusive foi República das Artes (coletivo de artistas que ocupou o prédio entre 1986 e 2006) o ponto crucial para se determinar o perfil do Campus: para viabilizar a reocupação do prédio, o IFRN firmou compromisso com o Ministério da Educação e a UFRN, que até então mantinha a concessão do imóvel, para que fossem oferecidos cursos ligados ao setor cultural. "Assumimos o compromisso de fazer com que o espaço também funcionasse como centro cultural."
Nesse sentido, Lerson Maia ressalta que, pensando em potencializar o turismo no centro histórico, o prédio já funciona aos sábados até 17h. "Queremos passar a abrir também aos domingos, para proporcionar visitação à galeria de arte, ao Museu do Brinquedo e o Memorial do Ensino Tecnológico no RN." O diretor avisa que em breve, para melhorar o planejamento e otimizar os recursos, a ocupação dos espaços (galeria de arte e auditório/teatro) estarão atrelados à editais específicos.
Outra ação a ser desencadeada ainda este ano é a criação de espaço cultural na rua Prof. Zuza (trecho entre a av. Rio Branco e a rua Princesa Isabel). "Sabemos que é difícil fechar a rua, o centro de Natal tem problemas de estacionamento, mas depois de um determinado horário pode perfeitamente ser fechada para o tráfego. Imagine um calçadão ali naquela área? Será um laboratório para nossos alunos e pode servir como palco para eventos de música, galeria ao ar livre no paredão do Instituto.
A interação com a comunidade também se dá através dos cursos de extensão gratuitos: violão popular, viola caipira, história em quadrinhos, pintura, papel reciclado, confecção de instrumentos musicais, cinema e literatura na aprendizagem do inglês, inglês social (para jovens do Passo da Pátria e de Mãe Luíza), informática para a 3ª idade, teatro, centro histórico e turismo cultural.
Fonte: Tribuna do Norte