O Ponto de Cultura CAJUPIRANGA recebeu na manhã de hoje a visita oficial do Secretário Nacional de Cidadania Cultural TT CATALÃO. Os Pontos de Cultura, para quem não sabe, são os núcleos elementares da política de gestão cultural adota pelo MINC, desde quando assumiu o ministério o cantor e compositor Gilberto Gil. A lógica da necessidade aplicada a uma realidade difícil de enfrentar pelo poder público baseou-se na filosofia oriental do DO-IN, cujo grande idealizador foi uma figura intelectual fantástica chamado Benê Fontelles. A idéia primordial levou em consideração que não era possível adotar os modelos tradicionais de gestão, sobretudo diante da escassez de recursos públicos e, ao mesmo tempo, da necessidade de aproveitar o grande capital existente, assim considerado, as potencialidades e práticas concretas das experiências espontaneamente criadas, mantidas e espalhadas por todo território brasileiro, ao longo dos tempos.
Resumo da ópera: Gil, ao assumir o MINC, declarou que faria um grande DO-IN CULTURAL, interligando os pontos esparsos e desarticulados das vivências culturais existentes neste nosso continente-pais, diante da impossibilidade de criar uma gestão de cima para baixo, distribuindo recursos que jamais chegariam integralmente aos seus destinos preferenciais, no caso, os rincões das manifestações em foco. As experiências que o Brasil acumulou, a exemplo da Embrafilme e outros desastres, somente nos mostraram que isso serve para alegrar e fomentar formas parasitárias de produção cultural, que alimentaram ao longo de décadas setores aristocráticos e impopulares, culturas de gabinete e outros vícios que precisamos debelar o quanto mais. Principalmente se considerarmos que a verba destinada à cultura pelo orçamento federal é pífia e imoral. Ainda mais por sabermos que, nas grandes nações do globo, o setor privado investe poderosamente no setor cultural, enquanto nós somos vítimas de uma elite capitalista das mais atrasadas, perversas e cretinas. E que o lixo cultural que devasta esta grande nação na atualidade é assimilado e, até estimulado, por essa mesma elite.
Mais uma vez resumindo: CULTURA É POLÍTICA. Mas também é certo que toda crise é o motor de mudanças e de alvissareiras revoluções. Estamos diante disso, de uma REVOLUÇÃO CULTURAL INEXORÁVEL. Algo assim impossível de ser revogado pelos deletérios que hoje ameaçam chegar ao poder. Assim espero.
Voltando ao começo, preciso esclarecer que a ASSOCIAÇÃO CULTURAL CAJUPIRANGA é pré-existente a todo esse processo revolucionário. Já existíamos de fato, e passamos a existir juridicamente muito antes disso. Todos nesta cidade têm conhecimento da ação cultural sistematicamente perpetrada pela CAJUPIRANGA, pois desde tardios tempos fazemos festivais de cultura popular , pesquisando e resgatando manifestações culturais do maior relevo. Isso é fato soberbamente registrado e documentado, não bastasse estar na memória do povo mipibuense, principal testemunha sensível das nossas práticas.
Em face das novas estratégias do MINC, a CAJUPIRANGA participou de edital público e foi contemplada com o nosso atual PONTO DE CULTURA. Posteriormente, de outros projetos, como o CINE MAIS CULTURA, mas disso falaremos depois. É preciso saber que o projeto de um ponto de cultura é extremamente rigoroso do ponto de vista orçamentário e também é fiscalizado pelo governo federal. É nessa medida que entra em cena o TT CATALÃO, hoje nosso ilustre visitante. Apesar de uma espécie de INSPETOR GERAL , a nossa relação não foi – e nem poderia ser - hostil , mas um momento gratificante e festivo como há de testemunhar todos aqueles que participaram do evento.
Das atividades que marcaram a visita, constou um ensaio do grupo de oficinandos, todos infantes, da oficina de flauta ministrada pelo consagrado músico CARLOS ZENS. TT sabatinou os meninos, instigando-os de forma cordial e estimulante, o que resultou na revelação de apuro no aprendizado daquelas pequenas criaturas, que muito impressionou o nosso visitante.
Seguiu-se uma mostra do trabalho do nosso grupo de BAMBELÔ. Imprescindível considerar que o bambelô foi nossa proeza fundamental, pois a manifestação estivera totalmente desaparecida da região e, depois de anos de pesquisa e estimulação, foi possível trazer esse folguedo para uma existência concretamente contemporânea. Seria necessário muito espaço aqui para relatar todo esse processo, mas sabemos que os que conhecem de perto a ASSOCIAÇÃO CAJUPIRANGA sabem perfeitamente, nos mínimos detalhes, quanto isso foi laborioso e sistemático. MESTRE PARAGUAI, do além, pede essa vênia. Resultado: TT CATALÃO emocionou-se ao constatar que quase a absoluta presença de brincantes era de crianças e adolescentes, o que é algo extremamente difícil de se verificar nesses casos. Eu, confesso, fiquei extremamente envaidecido e perplexo.
Como a visita era curta, já que TT tinha um percurso considerável a realizar, pois estava de partida para Pedro Velho, acompanhado de uma comitiva da Fundação José Augusto – capitaneada pelo Ricardo Buiu, cujos integrantes participaram estusiasmadamente de todo nosso evento, seguiu-se um coffee break regionalíssimo, regado a cuscuz da feira e outras iguarias muito a ver com nossas tradições.
Como a visita era curta, já que TT tinha um percurso considerável a realizar, pois estava de partida para Pedro Velho, acompanhado de uma comitiva da Fundação José Augusto – capitaneada pelo Ricardo Buiu, cujos integrantes participaram estusiasmadamente de todo nosso evento, seguiu-se um coffee break regionalíssimo, regado a cuscuz da feira e outras iguarias muito a ver com nossas tradições.
Antonio Ronaldo
Diretor da Cajupiranga