A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira, 28, durante a
Operação Pão e Circo, deflagrada na Paraíba, três prefeitos e outras 25 pessoas
acusadas de envolvimento no desvio de recursos públicos supostamente destinados
à contratação de atrações artísticas (principalmente bandas de forró) para
apresentações em festas de Reveillon, São João, São Pedro e Carnaval em 13
municípios do Estado.
Os prefeitos são Renato Mendes (Alhandra), João Clemente
Neto (Sapé) e Francisco de Assis Melo (Solânea). A esposa do prefeito de
Solânea também foi presa. As assessorias dos prefeitos acusados não quiseram
falar sobre o assunto e vão esperar orientações dos advogados. Em Alagoas, a PF
cumpriu mando de prisão contra o empresário Carlos Abílio Ferreira da Silva,
que atuava na Paraíba.
Além deles, foram presos três secretários municipais e
servidores das prefeituras investigadas. Segundo o procurador-geral de Justiça
da Paraíba, Oswaldo Trigueiro do Valle Filho, os desvios de recursos federais,
estaduais e municipais chegam a R$ 65 milhões. Foram R$ 15 milhões em recursos
federais e R$ 50 milhões em recursos estaduais e municipais. Trigueiro Filho
disse que vai pedir à justiça a cassação dos mandatos dos três prefeitos.
De acordo com a PF, os prefeitos vão responder por
falsificação de documentos públicos e privados, falsidade ideológica, crime
contra a ordem tributária (sonegação), corrupção ativa e passiva, fraude em
licitação, desvio de verba pública, lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha.
A Operação Pão e Circo teve a participação do Grupo de
Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da
Paraíba, e da Controladoria Geral da União (CGU). Participaram da operação
cerca de 300 policiais federais, 30 policiais militares, 20 auditores da CGU e
12 promotores de Justiça.
A PF cumpriu 93 mandados judiciais expedidos pelo Tribunal
Regional Federal (TRF) da 5ª Região (sediado em Recife) e pelo Tribunal de
Justiça da Paraíba. Foram 28 mandados de prisão temporária, sete de condução
coercitiva e 65 de busca e apreensão. Na Operação, a PF também prendeu um
funcionário da Prefeitura de João Pessoa acusado de envolvimento em
irregularidades na contratação da empresa responsável pelo show pirotécnico no
último Reveillon.
Para chegar aos acusados, a PF analisou mais de 40 mil horas
de gravações telefônicas autorizadas pela Justiça. Os policiais também
apreenderam documentos, veículos nacionais e importados, R$ 56 mil em dinheiro,
HDs, armas, documentos e uma lancha.
"Empresas de um mesmo proprietário, em nome de filhos e
esposas, concorriam entre si em eventos como São João, São Pedro, Carnaval e
festas de emancipação política", disse o procurador Oswaldo Trigueiro do
Valle Filho. Ainda segundo o procurador, as fraudes eram feitas em licitações
nas modalidades "dispensa e inexigibilidade" para contratações de
bandas musicais, equipamento de som e iluminação, serviços de segurança e
comercialização de fogos de artifício.
O Estado de S.Paulo
Adelson Barbosa dos Santos
**********************************
COMENTÁRIO DO BLOG
Por que será que essa operação não chegou até o Rio Grande
do Norte?
Com certeza o mesmo expediente é utilizado aqui pelas terras
potiguares, e, se prestarmos bem atenção talvez haja casos bem próximos.
É público e notório o envolvimento de parentes de gestores públicos
nos grandes esquemas, que vão desde as montagens de estruturas das festas até a
contratação de bandas sem o mínimo de transparência.
Fica a torcida para que a PF dê uma passada pelas aldeias potiguares.
Quem sabe assim nós saibamos quem vive de desviar e usufruir
dos recursos públicos, fruto do suor dos milhões de trabalhadores brasileiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário