PASTORAL URBANA E REGIÃO METROPOLITANA
A Pastoral Urbana é um dos maiores desafios para a Igreja na sua ação evangelizadora, na Posmodernidade. Existe uma grande complexidade na realidade urbana para a qual não houve uma preparação específica e direcionada. Existe uma dificuldade de interpretação e, consequentemente, de ação que corresponda às expectativas missionárias e, não se sabe até que ponto, sociais dos indivíduos. Se se imposta que há um desencontro do ser humano por causa do ofuscamento de Deus e das formas líquidas de relacionamento humano, também nos parece que a própria Igreja não acompanhou as transformações ocorridas no tempo dos homens, mesmo sabendo que este deveria ser também o tempo de Deus, como seu Senhor.
Nas regiões metropolitanas dos estados brasileiros, e, porque não dizer, latino americanos, as consequências desastrosas ainda fruto da Revolução Industrial europeia, ganharam as formas do Velho Mundo logo após o término das duas grandes guerras. O crescimento dos grandes centros urbanos, que tem no Êxodo Rural sua maior causa de desenvolvimento, causou o inchamento das metrópoles e a desorientação cultural, social e religiosa das pessoas advindas dos sítios e comunidades interioranas. Os vínculos comunitários são perdidos. A religiosidade popular, que durante séculos, foi o meio da evangelização das camadas sociais mais pobres e estratificadas, foi ficando no esquecimento e tida como obsoleta, já que não correspondia aos anseios subjetivos e massivos daqueles que viviam o “urbano” e suas características.
O Documento de Aparecida diz que “o cristão de hoje não se encontra mais na primeira linha da produção cultural, mas recebe sua influência e seus impactos. As grandes cidades são laboratórios dessa cultura contemporânea complexa e plural” (DAp. 509). Ou seja, quem era sujeito, torna-se objeto. Por isso, faz-se mister, uma leitura não só teológica-pastoral; mas interdisciplinar da realidade metropolitana, que contemple a Geografia, a Arquitetura, a Economia, a Psicologia, a Saúde, o Transporte, a Segurança, As Redes Sociais etc, do Homem Posmoderno que vive nas regiões metropolitanas e que tem um turbilhão de desafios conjunturais que o marcam profundamente. Será que a apreensão que fazemos destas realidades estão a nos preparar para enfrentarmos as demandas missionárias e pastorais? Continua o Documento: “A Igreja em seu início se formou nas grandes cidades de seu tempo e se serviu delas para se propagar. Por isso, podemos realizar com alegria e coragem a evangelização da cidade atual. Diante da nova realidade da cidade, novas experiências se realizam na Igreja, tais como a renovação das paróquias, setorização, novos ministérios, novas associações, grupos, comunidades e movimentos. Mas se percebem atitudes de medo em relação à pastoral urbana; tendências a se fechar nos métodos antigos e a tomar atitude de defesa diante da nova cultura, com sentimentos de impotência diante das grandes dificuldades das cidades” (Idem, n. 513).
Talvez seja mais difícil, devido à celeridade de informações e crescimento desordenado destes centros, um olhar total das multifaces que compõem as regiões metropolitanas! Mas, a curto prazo, é importante irmos às estruturas mais presentes, que são as periferias, como sinal da exclusão social, e os grandes condomínios que sinalizam o individualismo neurotizado do indíviduo urbanizado; porém desumanizado.
Que sejamos capazes de buscar parcerias com universidades, hospitais, poder público, intelectuais, especialmente os cristãos e aqueles de boa vontade, e o mais importante, que entre os batizados seja assumida com verdadeiro ardor missionário o desejo de assumir o Discipulado/Missão em todos os lugares e nos lugares todos, de modo especial nos grandes centros urbanos!
Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Pároco de São José de Mipibú e Vigário Episcopal Sul
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